segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Alento

Permaneço no silêncio. Oculto as verdades com olhares simples e sorrisos fáceis. Foi a maneira mais eficaz de os afastar. Mas eles já começaram as perguntas. Parece que cheguei tarde de mais. Ao inicio tudo parecia estar bem mas com o passar do tempo tudo voltou. Parece um ciclo vicioso onde não me consigo libertar. Tudo acaba por nos voltar a assombrar. Memórias, olhares, perguntas e pessoas. Tudo volta. Tento afastá-los com respostas rápidas. Mas nem isso funciona. Assim permaneço no escuro e no silêncio. Aqui não existem olhares nem perguntas. Só existe aquilo que eu deixe existir. Só nós.
Acredito que existe mais pessoas como eu. Quero acreditar nisso pois assim não me sinto tão só neste mundo enorme. É isso que me dá alento e paciência. Espero não estar enganado quanto a isto.

Voltar

Vou acabar por lá voltar. Sinto-o em mim. A verdade é que cá fora sinto-me indefeso. Sinto que este mundo me pressiona a cada dia que passa. Não sei o significado destas palavras mas são estas que me ocorrem agora. Prefiro ter "visitas semanais que visitas anuais". Tinha esperança que as coisas corressem bem mas não é o que está a acontecer. A minha irmã perguntou o que eu tinha nos braços. Não lhe pude explicar pois não passa de uma criança. Isso magoa-me bastante ter que ocultar a verdade à minha própria irmã. Converso com eles. Eles ajudam-me a embalar. Ajudam-me a esquecer isto que me rodeia. Ninguém desconfia. Pelo o menos é o que eu acho. Já não sei o que é real ou o que é imaginário. Não sei o que é o correto ou o errado. Pessoas como eu agarram-se a coisas que nos fazem sentir menos mal. Faço-o também. O problema é a maneira de como o fazemos. E a maneira que eu faço não é correta. é errada. Odeio os olhares. odeio que falem de mim. Odeio ter que percorrer os corredores. Os olhares pesam mais que palavras.
 São fundos os que tenho no meu corpo. São ainda mais fundos os que tenho na alma. O meu corpo pesa tanto. tenho que o arrastar para todo o lado. Chega a ser patético e humilhante. Acho que nunca devia ter saído. Não o devia ter escondido. Pensavam que estava bem e deixaram-me neste mundo. Preciso de amarras para continuar aqui. Ou isso ou voltar para lá.
Começo a questionar a verdadeira razão de aqui estarmos. A razão de viver assim. Chega a ser estúpido sentir-me preso nesta imensidão. Mas é o que se sucede.
Acho que o faço por ajuda. Ou para que ela passe. Não sei. Tenho saudades do que era. Tenho saudades do que tinha. Não tenho ninguém que me as ampare. Tenho o Andebol. Apenas isso. Sinto-me tão deslocado. Sinto isso tudo. Mas nada se resolve. NADA.
Ele disse-me que se não conseguisse, que fosse lá que pelo o menos eles ajudariam-me. Não o fiz porque não sei o que dizer. Não sei o que fazer. Tenho que apanhar outra para esquecer. Só assim os problemas vão embora, apenas assim.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Passou

Já me vi livre do Natal e da Passagem de Ano. duas das três alturas do ano que Odeio. Tive que sorrir senão começavam a sussurrar comentários despropositados e sem nexo. Mas não sou mal agradecido. Recebi prendas dispendiosas. Prendas razoavelmente aceitáveis. Mas sempre que recebo uma prenda "cara", penso naqueles que nem casa têm. Custa-me saber que enquanto estou em casa a "celebrar" a quadra natalícia , existem pessoas que não pedem mais que uma sopa ou uma outra refeição que lhes aconchegue o paladar. Mas o Natal e a Passagem de Ano não me fazem esquecer a miséria de ano que passou. Sem esperança, sem auto estima, sem tudo. Mas fiz uma promessa: Tentar pelo o menos viver um pouco. Quero voltar a sentir-me humano. Mas um pouco antes tentei... . 119. 119 foram os comprimidos que tomei para acabar com este vazio. Mas nem assim. Começo a achar que esse tal de "Deus" tem outros planos para mim. Ou é isso ou então sou um fracasso até nisto. Não dá para perceber. Não consigo compreender. Não sei se alguém vai ler isto. Mas pouco importa. Sinto que estou a desabafar. A minha mãe disse que parecia um boneco sem alma após ter tomado aquela "carrada" de comprimidos. E em boa verdade, creio que é verdade pois não me lembro de nada. não me lembro de nada mesmo. Seja como for, Bom ano para tu que estás ( ou não ) a ler.




Fábio.