domingo, 4 de dezembro de 2011

Saudade

Perguntei o que se passava, mas ninguém me respondeu. Ficaram imóveis, silenciados. Veio então a noticia. a surpresa. Naquele dia soube que o tinha perdido. o choque foi tão grande que as lágrimas não apareceram. Mas o céu chorou por mim. não queria acreditar. ainda hoje não acredito. Eras um homem cheio de vida. Como é que isto foi acontecer contigo? COMO? Lá estavas tu, deitado, quieto, em paz. Tinhas um passado enganador. Não era compatível com a realidade. Por causa da vida boémia da "maior", a tua vida foi uma espiral descendente em que tu, por muito que lutasses, não conseguias emergir. No dia em que partiste, eu próprio entrei em declínio.  Vi-te ali. Ainda hoje evito a realidade, pois assim permaneces vivo na minha vida e no meu pensamento. Dizem-me para me agarrar às coisas boas. E é o que eu faço. mas por detrás destas "coisas boas", existem coisas más. coisas que me fazem chorar todas as noites. A pergunta ficou no ar, pois ninguém soube responder. Em breve, Pai, em breve vou ter contigo. Se existir o "Puro", sei que te encontrarei. Senão, estou condenado ao "Impuro". Mas não faz diferença. Ela deixou de ser o que era quando comecei a perder o que era valioso para mim. Sinto-me vazio e sem razões para continuar no presente. Penso no que posso deixar para trás. Penso e custa-me. Mas custa-me mais ainda ser o que não sou. Custa-me ser algo que não sou. Custa-me ser um "fantoche " da vida. Procuro agarrar-me a algo que me faça sorrir. mas a única coisa que me fazia sorrir de verdade eras tu. E tu também já partiste. Porque que é que as pessoas à minha volta partem? Porquê eu? O rumo não é o que eu esperava que fosse. Talvez eu tenho feito algo de errado? Tenho saudades das nossas conversas. Saudades dos conselhos que me davas de como conquistar aquela rapariga. Saudades dos serões passados no telhado, a olhar para as estrelas enquanto me contavas as "parvoíces" que fizeste na tua adolescência. Saudades tuas. Muitas saudades.
Nunca me vou esquecer da frase que tu disseste: "Faz o que eu te digo, não faças o que eu faço".
 Ainda não acredito. Não permito que partas. Não enquanto eu for vivo. Sei que não foste um pai presente. Também sei o que se passou no Passado. Mas o que realmente importa é o facto de nós sermos um só. Sermos praticamente iguais. Sim, éramos iguais. Por dentro e por fora. Na maneira de pensar e agir. Ainda me lembro quando jogámos à bola. Foi ai que os nossos laços ganharam significado, força. Queria tanto dizer o quanto eu gosto de ti. Até já, Pai.

A música também ficou gravada: Carrie.

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